17 de nov. de 2005

som bom de graça


Harvey Danger
Decano do indie rock americano, o Harvey Danger lança seu terceiro disco depois de cinco anos de ausência fonográfica, mas com a novidade interessante do disco ser baixado legal e gratuito através do site da banda, tem até capa e encarte. O grupo disponibilizou essa versão free – você também pode comprar o disco no formato tradicional e ganhar de bônus um EP exclusivo! – para que varias pessoas do planeta conheçam e gostem desse novo trabalho, de um modo mais rápido e interativo.
Formada em 1994 na friorenta Seattle por jovens universitários, que tem como destaques a voz inconfundível e lirismo interessante de Sean Nelson, e nas guitarras e excelente arranjos de Jeff Lin. Em 1997 estrearam com o concentrado e barulhento “Where have all the merrymakers gone?” disco que proporcionou uma considerável projeção no território americano. Após o segundo e fracassado disco ficam parados até fazerem uma reavaliação musical e produzem o quentíssimo “Little by little...”, agora lançado pelo próprio selo Phongraphic Records e amarado por uma forte distribuição independente, além dessa oportuna abordagem na Internet.
Pois é, “Little by little...” está disponível para qualquer mortal que tenha acesso à rede e goste de indie rock melódico com forte tendência pop e super agradável. São dez musicas que primam pela condução melódica de um piano, guitarras contidas mas ainda barullhentas e arranjos sofisticados; mostrando uma notável e saudável mudança sonora. Altamente recomendável!
Harvey Danger

11 de out. de 2005

Meia volta!


Volver
“Canções perdidas num canto qualquer” (Senhor F Discos)
Graças aos deuses o cenário pop recifense solta as amarras do saturado e recalcado regionalismo – que já tinha o que dar e precisa de uma urgente reavaliação/renovação. O novato quarteto Volver é uma dessas da linha de frente do novo pop pernambucano, como temos recitado por aqui. O grupo envereda pela sonoridade “sixties” que assola o país e tem produzido vários “carbonos” que mancham aqueles anos passados. Não é o caso do Volver, pois seu disco de estréia é um disco resolvido que se lambuza nas melodias e harmonias produzidas por lendas como Beatles, The Who, The Hollies, Byrds, a nossa Jovem Guarda e, por conseguinte suas boas crias brasucas como Júpiter Maça, Relespública, The Charts, Cachorro Grande, etc...
Bruno Souto é o cantor e principal compositor, tem boa voz e senso melódico apurado. Mas não é só ele. Diógenes Baptisttella é um guitarrista – até comedido - que capta bem os riffs, acordes e progressões típicas da época inserindo timbragens mais atuais, seu grande trunfo. A “cozinha” levada por Fernando Barreto (baixo) e Doug (baterista) é excelente e sem comentários!
Como o gênero requer, não vamos encontrar aqui letras cabeças ou algo que o valha, os doze temas são sobre amor e relacionamentos, blá-blá-blá, que você consegue soletrar depois. O disco bem produzido, foi gravado em Recife, além da banda, também com os dedos da dupla Léo D. e William P., os preferidos dos novos sons pernambucanos. A faixa de abertura “Você que pediu” é um agradabilíssimo petardo que me lembrou os ianques Velvet Crush, sumidade power pop mundial; essa música por si já paga o disco. Mas descobrimos outras como a “merseybeat” “Mister bola de cristal” com um riff de guitarras a lá Ray Davies. A ótima “Na trate ele assim” é power pop setentista com cara de hit anos 90, bem direta; o mesmo trato podemos dar a “Lucy”. Em a “Máquina do Tempo” encontramos Byrds e Beatles, já pensou?! Embora não pareça há uma variação nessa obra, além das pitadas power pop – merseybeat, temos pitadas mod em “Não ria de mim” e em “Charminho” e lembranças da Jovem Guarda em “Quero te ver bem (longe de mim)”. Pra fechar uma ótima balada “Com sabor de choque elétrico”, umas das nossas preferidas. A Volver fez um trabalho de resgate, digamos assim, muito provavelmente de paixão com os primórdios do pop music. E o bom é que quanto mais você escutar, mais quer... Altamente recomendável!

6 de out. de 2005

No espaço

Astronautas
“Eletro-cidade” (Monstro Discos).
Só para não esquecer uma curiosidade, um dos primeiros shows que essa banda fez fora de Recife foi aqui em Jampa. Hoje, depois mais de dois anos, a banda estourou no cenário independente nacional, vendendo bem seu segundo disco, destaque em festivais, ganhando prêmios e boa aceitação de publico.
Nesse segundo disco a banda acerta a mão quanto à qualidade sonora e resolve bem a questão do lirismo, tão pobre no rock brasuca. Os temas comuns sobre a modernidade da civilização, suas tecnologias e paranóias acopladas.
Astronautas é produto da mente inquieta de André Frank, vocalista e guitarrista que tem historia pra contar, e ai vamos ter que voltar aos anos 90 em pleno estouro dos sons pernambucanos, entre os quais o excelente combo chamado Frank Jr que marcou com sua sonoridade impar, que o próprio André carregou para sua atual banda.
A banda é guitarreira, som denso e características pesadas, sonoridade que faz lembrar o Helmet, Melvins e Mudhoney, figuras carimbadas do grunge americano, com algumas inserções modernoides de barulhos eletrônicos. Lembrei-me do Ministry também. Em suma, bom disco – de produção impecável da dupla Léo D e William P - que vem pro rol dos garis das limpezas de um monte de porcaria que poluem os nossos ouvidos e as ondas sonoras empestadas de baboseiras. Trilha sonora obrigatória do nosso eterno protesto. O disco traz bônus com vídeos de “Cidade Cinza” e “Não faço nada”, duas das melhores faixas. Obrigatório!

California punk!


The O.A.O.T’s
“Typical” (Sounds Like Vynil Records)
The One and Only Typical’s é um duo de Los Angeles, a cidade mais rock do planeta. A banda começou ainda no colégio quando o guitarrista e vocalista Matt Garappolo encontrou com o baixista e vocalista Eddie Garza no ano de 2000. O resultado disso é uma dupla desconhecida de sonoridade das mais explosivas. Somente a partir de 2003 começaram a assinar com esse nome e gravaram alguns demos e um EP, agora no começo de 2005 lançaram seu primeiro disco intitulado “Typical” contendo 13 canções; este já contando com o baterista Dave Palermo.
O som é fácil de decifrar, basta incluir doses generosas de Ramones, Husker Dü e Pixies, ai já temos levada punk, melodias power-pop e densidade pop sem muitas frescuras. Canções relativamente curtas – o disco tem pouco mais de 30 minutos -, guitarras fuzzy, bateria pesada e letras sobre garotas e carros.
O disco é bom por completo, bem produzido e musicas ganchudas. Achar um destaque fica até difícil, mas a pegada ramoniana de “Accelerator” e em “Janelle”; e as mais pop recheadas de distorções em “Can´t let you”, “On & on” e na excelente “Kelly oh”. É um disco pra você sair tocando toda vez que estiver chateado com alguma coisa ou espantar a tristeza em alto volume.
No site dos caras você pode baixar varias musicas e alguns ótimos vídeos. Vale a pena conferir!
The OAOT’s

Noise Japa


My Way My Love
“Hypnotic Suggestion 01”(Scratch & Sniff)
Durante centenas de anos o Japão foi fechado para qualquer estrangeiro. Quando caiu na besteira de abrir os portos, os vorazes ocidentais caíram de pau! Culminando com a subjugação, inclusive cultural, liderada pelos americanos após grande guerra. Nesse meio termo os japoneses modernos foram os que mais sugaram a cultura pop ianque em todo planeta, aliás, eles são os maiores e melhores consumidores de música que conhecemos.
Como uma espécie de “vingança” cuspiram de volta todas as “mentiras” consumidas na música pop. Misto de ironia e deboche embrulhado no papel da inocência,produziram e produzem sonoridades recicladas devolvendo ao Ocidente o que estes não foram capazes de terminar. Todo mundo hoje conhece nomes como Cornelius, Fantastic Plastic Machine, Shonen Knife e tantos japas de mente fértil e diversificada.
Outro interessantíssimo personagem é Yukio Murata que no ano de 2000 inventou o My Way My Love – ajudado pelo baixista e vocalista Dai Hiroe e pelo baterista Takeshi Owaki - retribuindo tudo que lhe foi “ensinado” em forma de noise rock, minimalismo punk-nonsense (isso existe?) e ruídos alucinados sob uma capa lo-fi. Se pensou em Sonic Youth, Brainiac ou Wire, e gosta do gênero, eis um produto bom! Depois de quatro discos por conta própria, lançaram em fevereiro deste ano “Hypnotic Suggestion:01” pelos selos File 13 e Scratch & Sniff Records, disco este que agradou bastante os americanos, ocasionando uma turnê no ano passado, e por conseguinte outra na Europa no começo deste ano. O disco apresenta algumas vinhetas em forma de ruídos como abertura para seu chapado noise-punk rock garageiro, destaque para as faixas “Captain”, “Ovo”, “Sports” e “Sound of Gold”. E como todas as mentes barulhentas, não estão preocupados com qualquer apelo pop, mas, ainda assim, soam agradáveis.
My Way My Love

27 de mai. de 2005

The Silvias


"Fazemos musicas simples para esp�ritos complexos"
Seu nome original é estranho - The Silvias: 20h Domingo - e sua música nada normal para o padrão local. Ainda assim, The Silvias, como melhor é conhecida, é um sopro de novidades para o cenário meio apático de João Pessoa (tirando meia dúzia de bandas, impera a mesmice). Thiago Sombra veio da banda rock Junkpile, de curta exist~encia, para montar algo experimental, fugindo do padrão básico. Juntou-se com o tecladista Bruno e o multi-instrumentista Thiago Verde e afundou-se despretensiosamente no experimental kraut-rock, no minimalismo progressivo alemo do Tangerine Dream e do Gila; rascunhos da modernice pós-rock e beirando até o lisérgico floydiano. Resultando numa surpreendente primeira gravação contendo quatro faixas herméticas de difícil degustação. O caráter sonoro contemplativo e viajante do grupo toma direção ideal após mudanças no seu line up, com a inclusão marcante de uma percussão a cargo de Cassiano (também Chico Correa Eletronic Band), alguns efeitos eficientes e excelentes inserções da vocalista Daniela. As significantes mudaças clarearam o direcionamento musical e novas perspectivas para a banda. Conversamos com Thiago, via e-mail, que nos explica melhor:

Me diga quando come�ou o The Silvias, o porque do nome e quem s�o os integrantes.
Em meados de 2002, gra�as a grava��es caseiras, pois as musicas surgiram de "jams" que faz�amos. O nome � tirado de uma m�sica que Ronnie Von gravou na d�cada de 60.(na fase obscura que havia o programa de TV �O Pequeno Pr�ncipe� pela Record). Quer�amos um nome que soasse Sgt.Peppers no tamanho, sabe? Os integrantes s�o: Verde nos samplers, turntables e outras coisas; Bruno nos teclados; Cassiano com as percuss�es; Daniela Alejandra nos vocais e Thiago Sombra: baixo e viol�o.

Como voc�s definem a sonoridade da banda? Quando pensaram em fazer esse tipo de som?
Essa � a parte dif�cil. Acho que somos "et�reo" em tudo que tocamos: lounge, dub, experimentalismos. N�o sei, acho que nos encaixamos nesse novo g�nero chamado "post-rock". O pensamento esteve sempre pendente. Quando nos conhecemos, Bruno, Verde e eu, t�nhamos muito em comum. Inclusive com rela��o a um tipo de som que poderia sair se junt�ssemos as nossas id�ias. Come�amos a nos reunir a primeira vez em junho de 2001, com Rodrigo (co- fundador e ex-integrante) e come�amos a tocar, a fazer jams e gra�as a um gravador (simples mesmo) conseguimos depois de um longo tempo que esse projeto ficou em stand by, reproduzir as tais jams, e assim surgindo o The Silvias.

Essa abordagem sonora n�o � muito comum na cena pop e rock local. O que voc�s acham fazendo um som t�o diferente dos demais?
� bom...Mas ao mesmo tempo dar a inseguran�a de n�o ser bem interpretado. � verdade tamb�m que h� uma falta de espa�os adequados para nossa m�sica. Devido � cena local e tudo mais. Mas apesar disso percebemos que h� um p�blico seleto pra nossa m�sica. Procuramos tamb�m outros canais para divulga��o, que tente levar nossa m�sica al�m de shows. Grava��es s�o muito importantes para isso!

Quais a principais influencias musicais brasucas e gringas da banda?
Acho que daqui do Brasil tem o Jupiter Apple, Flu, Mutantes (l�gico!), Tom Z�. P�, muitas coisas. Mas creio que nossas influencias sejam mesmo de bandas de fora, sabe. Como o Tortoise, Portishead, Mogwai, Kraftwerk, Radiohead, Air, Beck, trilhas de filmes, Pink Floyd (claro!) e o Can (som recentemente apresentado pelo amigo do meio Jailson de Assis). As influencias v�o al�m da pr�pria musica eu creio. Temos muito da literatura e arte envolvidas nos climas das musicas...Assim como cinema, logicamente!

Hoje em dia a produ��o independente � bastante consider�vel, voc�s acreditam num mercado independente forte?
Sim, e temos que acreditar. � o canal que temos pra apresentar nossa arte. Creio que sem a produ��o independente, bandas como a nossa estariam totalmente perdidas!

O que � necess�rio para uma banda nova come�ar a se destacar?
Isso � sempre muito complicado. Mas originalidade sem d�vida � a coisa principal. Mesmo com algo novo e legal, existem outras mil coisas para que voc� consiga o destaque necess�rio. Como apoio, divulga��o e claro, um envolvimento no meio. Tem que haver cena! Sabe, tudo tem que se interagir: p�blico, lojas, discos, moda, festas. Eu vejo muito disso na cena do Rio Grande do Sul, onde as bandas tocam no r�dio, tem lojas pra elas e shows, e claro, p�blico ativo!

A banda tem alguma dificuldade em fazer m�sica em Jo�o Pessoa?
Com certeza! Bandas que fazem uma m�sica "normal" j� tem mil dificuldades aqui. Ent�o sofremos muito mais, por fazer uma m�sica que esta a margem disso tudo. E como falei anteriormente, falta cena.

Quais os projetos imediatos da banda?
Sim, no momento estamos gravando nossa segunda demo. Em processo caseiro mesmo. � uma demo que vem mostrar a outra face do The Silvias. Um lado mais lounge e cancioneiro, sem deixar o experimentalismo de lado, logicamente; mas mostrando a versatilidade de composi��es da banda. Al�m disso tentando expor nosso trabalho pra festivais. Procurando algum buraco e algumas doses de fluoxitrina! hahahaha!

Algum recado para os leitores?
"Fazemos musicas simples para esp�ritos complexos", parafrasear Oscar Wilde � o que h�
.
Posted by Hello

14 de mai. de 2005

Snooze 2005


Cruéis, somos nós com o tempo. Ficamos condicionados aos padrões do bom e do ruim medindo o tempo como objeto de razão. Meça o tempo como aliado no aprimoramento de nossas faculdades. Das nossas experiências. Das nossas conclusões. Ele nos delega condições de crescermos, evoluirmos, expandirmos na imensidão do Universo. E tem tantos que não aprendem a lição... Precisei de um pouco do tempo para melhor me expressar o que ele fez com a música do quarteto sergipano Snooze. No caso deles, proporcionou um amadurecimento sonoro exemplar. Em mãos um promo do próximo disco cheio, que deverá chamar-se Snooze. Um primor de musicalidade para os chamados indie-rockers brasucas. Já cantei a pedra que será o melhor disco do gênero lançado nos últimos cinco anos. Por que? Bem fácil. Ta nas variações melódicas e harmônicas das composições; letras inspiradas, postura pop irretocável; arranjos mais elaborados e ousados (trombones, gaitas, theremim, ebow); e acho até que as constantes mudanças em seu line up, com os guitarristas (Clinio Jr e Marcelo) para ser mais preciso, deu uma elevada dinâmica nas confecções sonoras.
É uma banda adulta. O disco promocional traz seis faixas que é a metade do bolo, abrindo com "Fado" que é rock mesmo, melódico e bem britânico, expondo suas influencias. "The Song of Our Lives" tem tom desesperado pontuado por uma melancólica gaita. Já a contagiante beatleniana "Sunshine" floresce com naipe de sopros de primeira, é perfect pop. A excelente "Love e Death (No conclusions)" é um descarado power pop a lá Teenage Fanclub, que é um tremendo descarado dos Raspeberries, Birds, Big Star e The Rubinoos, e finalmente por aqui alguém fez uma composição power pop no seu melhor e moderno termo. "Words for You" é rock and roll setentista inspirado no Free com um toque southern rock (Lynyrd Skynyrd, Black Crowes), apostando numa saudável variação de gêneros - ecletismo - sem destoar um mínimo sequer da linha popster do grupo. Pra fechar o tema instrumental "Um resfriado" com um theremin comandando uma levada meio progressive pop, deixando a sensação de atualidade.
Ainda posso adicionar um detalhe importantíssimo nesse mar de vaidades tão comum ao meio: a banda é super simpática e de uma humildade sem dó. Seria bom que todos fossem como a Snooze. Ai não teria graça, rebateria alguém. Ledo engano meu chapa !!!
Posted by Hello

13 de abr. de 2005

A volta dos Lagartos


A Volta Que O Mundo Deu - Lacertae (Amplitude)
Antes mesmo de surgir essa onda de bandas de rock feita apenas por bateria e guitarra, o Lacertae já existia. O veterano duo sergipano surgiu na cidade de Lagarto (de onde tirou o nome em latim) lá no começo dos anos 90, criado pelo primos Deon Costa (vocal, guitarras e efeitos) e o baterista Aldemir Tacer, este que curiosamente acoplou um berimbau ao seu kit, proporcionando significante diferencial na musica deles.
A sonoridade da banda é feita por rock psicodélico setentista, uma dose de experimentalismo e mais um tanto de regionalismo. Essa mistura inusitada provocou atenção da mídia especializada e gerou convites para participação de festivais por todo país. Lançaram em 2002 o primeiro disco "Berimbau de Cipó de Imbé" por conta própria e recheado com bastante experimentalismo.
"A volta que o mundo deu", lançado pelo selo paulistano Amplitude - especializado em sons diferentes - é a sua seqüência musical palpável, menos hermético, mais acessível e viajante. São dez faixas bem produzidas com um material gráfico impecável. "O que é? O que é?" já abre com uma bateria marcante e uma guitarra psicodélica; o guitarrista Deon dispensa o virtuosismo para construir uma sonoridade mais expansiva e etérea, obtendo bom resultado. Em o "Santo de Casa" a brincadeira instrumental é com uma rabeca alucinada, talvez uma proposta de inovação regionalista. Uma das faixas mais interessantes. No meio do disco uma homenagem ao escritor conterrâneo Silvio Romero com o conto "Amiga Folhagem", um sugestivo do mundo, mas com os pés em casa. Em seqüência temos o mantra ecológico "Eu não posso ficar parado", um protesto cabeça bem situado como diz "Choro por que quero aguar a mata / Mata-me por que te quero mata", sutilmente genial. "Pra que pressa" é outra faixa interessante.
Se antes o grupo tornava enfadonho e cansativo por sua extensão na audição; agora dosou os espaços adequadamente com abordagens originais certas. Não há duvidas que cresceram e hoje são perfeitos representantes da musica independente brasuca bem feita. Os elogios cabem com justiça!!!
Lacertae
Posted by Hello

30 de mar. de 2005

Som do Brooklyn


The Mercury Stars
"Catastrophe is no cause for Alarm" (independente, 2004)
The Mercury Stars é um quarteto indie pop originário do famoso bairro do Brooklyn em New York, hoje a mais intensa e interessante cena das cidades americanas. Neste primeiro disco, em formato EP com sete musicas, o som é pop mesmo, no melhor da palavra, bem tocado e equilibrado, sem destaques individuais. Na verdade a música toma corpo com a boa performance dos integrantes e da bela voz de Weston McWhorter, suave e encorpada. Há uma atmosfera britânica, fazendo uma revisão do melhor dos anos 80, principalmente de Echo and The Bunnymen cujas melodias hipnóticas servem de referências - por sinal fazem um cover burocrático da clássica “The Kiling Moon” -, e ainda respinga referencias para o The Smiths e o The Felt.
Ainda assim não atolam os pés na parada do tempo, chegam até os anos 90 ouvindo um pouco de Ride, Travis e algumas daquelas bandas de teor acústico e melodias açucaradas. Apesar do esforço, fica no ar aquele limite a seguir uma certa fórmula já meio saturada.
Lançado pelas próprias expensas da banda, o disco tem boa produção. Agradável aos ouvidos, letras bacanas, arranjos contidos e nada mais de excepcional. Destaque para a suavidade libidinosa de “Rollercoaster” e a popissíma “Our Dear Amateur Driver”. Para o próximo necessitam de ousadia e mais energia...O que deve acontecer com o remanejamento recente da baterista Sara Landeau para a outra guitarra e a entrada da baterista Wendy Powell.
The Mercury Stars
Posted by Hello

13 de jan. de 2005

O Ceará tem disso sim!


"Desconforto" - Fossil
Foi durante um festival que o baixista George Frizzo planejou montar uma banda diferente do excelente grindcore que faz na sua Siege of Hate; algo menos violento e mais cadenciado, uma climática trilha sonora sem muitas pretensões. A idéia bateu junto e deu certo com o baterista João Victor (2Fuzz), o guitarrista Erick Barbosa (Brietal) e mais o guitarrista Vitor Colares, na época um roadie do 2Fuzz.
A sonoridade desse grupo cearense - que não tem vocal - é bem espelhada em bandas como Mogwai, Sigur Rós e Explosions in the Sky, a imprensa convencionou como post-rock, categoria meio indiferente para o Firzzo que diz:
"É o rotulo que colocaram né? No começo nós não pensávamos em chamar disso ou daquilo... era só a intenção de fazer uma musica mais sensorial, improvisada com um direcionamento mais pela melodia do que por algum vocal...". E mais ainda:
"Post rock , o Fossil foi chamado depois. Mas a gente não começou como post rock, e sim como um rock com influencias de jazz, ambient e trilhas sonoras. Eu fui ouvir Explosions in the Sky depois... Mogwai e Sigur Rós eu já conhecia. Eles vieram tocar no Brasil ai a gente fica curioso, né? mas não foi intenção em fazer algo na linha deles".
É, mas seguem bem as trilhas dos grupos citados: temas longos - aqui no caso com musicas acima dos 10 minutos - e crescendos com guitarras distorcidas são linhas básicas comuns. "Desconforto" é o primeiro disco em forma de EP-CDR com três musicas, com destaque para a faixa de abertura "Cum-panere", tudo muito bem gravado e com boa perspectiva de futuras produções. A respeito sobre o nome da banda, Fossil é sem acento mesmo e não tem relação alguma com o quer que seja...fruto da mente fértil do George; é só um nome simpático, como ele diz. Natan achou graça!
Fossil: http://geocities.yahoo.com.br/ffozzill