27 de mai. de 2005

The Silvias


"Fazemos musicas simples para esp�ritos complexos"
Seu nome original é estranho - The Silvias: 20h Domingo - e sua música nada normal para o padrão local. Ainda assim, The Silvias, como melhor é conhecida, é um sopro de novidades para o cenário meio apático de João Pessoa (tirando meia dúzia de bandas, impera a mesmice). Thiago Sombra veio da banda rock Junkpile, de curta exist~encia, para montar algo experimental, fugindo do padrão básico. Juntou-se com o tecladista Bruno e o multi-instrumentista Thiago Verde e afundou-se despretensiosamente no experimental kraut-rock, no minimalismo progressivo alemo do Tangerine Dream e do Gila; rascunhos da modernice pós-rock e beirando até o lisérgico floydiano. Resultando numa surpreendente primeira gravação contendo quatro faixas herméticas de difícil degustação. O caráter sonoro contemplativo e viajante do grupo toma direção ideal após mudanças no seu line up, com a inclusão marcante de uma percussão a cargo de Cassiano (também Chico Correa Eletronic Band), alguns efeitos eficientes e excelentes inserções da vocalista Daniela. As significantes mudaças clarearam o direcionamento musical e novas perspectivas para a banda. Conversamos com Thiago, via e-mail, que nos explica melhor:

Me diga quando come�ou o The Silvias, o porque do nome e quem s�o os integrantes.
Em meados de 2002, gra�as a grava��es caseiras, pois as musicas surgiram de "jams" que faz�amos. O nome � tirado de uma m�sica que Ronnie Von gravou na d�cada de 60.(na fase obscura que havia o programa de TV �O Pequeno Pr�ncipe� pela Record). Quer�amos um nome que soasse Sgt.Peppers no tamanho, sabe? Os integrantes s�o: Verde nos samplers, turntables e outras coisas; Bruno nos teclados; Cassiano com as percuss�es; Daniela Alejandra nos vocais e Thiago Sombra: baixo e viol�o.

Como voc�s definem a sonoridade da banda? Quando pensaram em fazer esse tipo de som?
Essa � a parte dif�cil. Acho que somos "et�reo" em tudo que tocamos: lounge, dub, experimentalismos. N�o sei, acho que nos encaixamos nesse novo g�nero chamado "post-rock". O pensamento esteve sempre pendente. Quando nos conhecemos, Bruno, Verde e eu, t�nhamos muito em comum. Inclusive com rela��o a um tipo de som que poderia sair se junt�ssemos as nossas id�ias. Come�amos a nos reunir a primeira vez em junho de 2001, com Rodrigo (co- fundador e ex-integrante) e come�amos a tocar, a fazer jams e gra�as a um gravador (simples mesmo) conseguimos depois de um longo tempo que esse projeto ficou em stand by, reproduzir as tais jams, e assim surgindo o The Silvias.

Essa abordagem sonora n�o � muito comum na cena pop e rock local. O que voc�s acham fazendo um som t�o diferente dos demais?
� bom...Mas ao mesmo tempo dar a inseguran�a de n�o ser bem interpretado. � verdade tamb�m que h� uma falta de espa�os adequados para nossa m�sica. Devido � cena local e tudo mais. Mas apesar disso percebemos que h� um p�blico seleto pra nossa m�sica. Procuramos tamb�m outros canais para divulga��o, que tente levar nossa m�sica al�m de shows. Grava��es s�o muito importantes para isso!

Quais a principais influencias musicais brasucas e gringas da banda?
Acho que daqui do Brasil tem o Jupiter Apple, Flu, Mutantes (l�gico!), Tom Z�. P�, muitas coisas. Mas creio que nossas influencias sejam mesmo de bandas de fora, sabe. Como o Tortoise, Portishead, Mogwai, Kraftwerk, Radiohead, Air, Beck, trilhas de filmes, Pink Floyd (claro!) e o Can (som recentemente apresentado pelo amigo do meio Jailson de Assis). As influencias v�o al�m da pr�pria musica eu creio. Temos muito da literatura e arte envolvidas nos climas das musicas...Assim como cinema, logicamente!

Hoje em dia a produ��o independente � bastante consider�vel, voc�s acreditam num mercado independente forte?
Sim, e temos que acreditar. � o canal que temos pra apresentar nossa arte. Creio que sem a produ��o independente, bandas como a nossa estariam totalmente perdidas!

O que � necess�rio para uma banda nova come�ar a se destacar?
Isso � sempre muito complicado. Mas originalidade sem d�vida � a coisa principal. Mesmo com algo novo e legal, existem outras mil coisas para que voc� consiga o destaque necess�rio. Como apoio, divulga��o e claro, um envolvimento no meio. Tem que haver cena! Sabe, tudo tem que se interagir: p�blico, lojas, discos, moda, festas. Eu vejo muito disso na cena do Rio Grande do Sul, onde as bandas tocam no r�dio, tem lojas pra elas e shows, e claro, p�blico ativo!

A banda tem alguma dificuldade em fazer m�sica em Jo�o Pessoa?
Com certeza! Bandas que fazem uma m�sica "normal" j� tem mil dificuldades aqui. Ent�o sofremos muito mais, por fazer uma m�sica que esta a margem disso tudo. E como falei anteriormente, falta cena.

Quais os projetos imediatos da banda?
Sim, no momento estamos gravando nossa segunda demo. Em processo caseiro mesmo. � uma demo que vem mostrar a outra face do The Silvias. Um lado mais lounge e cancioneiro, sem deixar o experimentalismo de lado, logicamente; mas mostrando a versatilidade de composi��es da banda. Al�m disso tentando expor nosso trabalho pra festivais. Procurando algum buraco e algumas doses de fluoxitrina! hahahaha!

Algum recado para os leitores?
"Fazemos musicas simples para esp�ritos complexos", parafrasear Oscar Wilde � o que h�
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Posted by Hello

14 de mai. de 2005

Snooze 2005


Cruéis, somos nós com o tempo. Ficamos condicionados aos padrões do bom e do ruim medindo o tempo como objeto de razão. Meça o tempo como aliado no aprimoramento de nossas faculdades. Das nossas experiências. Das nossas conclusões. Ele nos delega condições de crescermos, evoluirmos, expandirmos na imensidão do Universo. E tem tantos que não aprendem a lição... Precisei de um pouco do tempo para melhor me expressar o que ele fez com a música do quarteto sergipano Snooze. No caso deles, proporcionou um amadurecimento sonoro exemplar. Em mãos um promo do próximo disco cheio, que deverá chamar-se Snooze. Um primor de musicalidade para os chamados indie-rockers brasucas. Já cantei a pedra que será o melhor disco do gênero lançado nos últimos cinco anos. Por que? Bem fácil. Ta nas variações melódicas e harmônicas das composições; letras inspiradas, postura pop irretocável; arranjos mais elaborados e ousados (trombones, gaitas, theremim, ebow); e acho até que as constantes mudanças em seu line up, com os guitarristas (Clinio Jr e Marcelo) para ser mais preciso, deu uma elevada dinâmica nas confecções sonoras.
É uma banda adulta. O disco promocional traz seis faixas que é a metade do bolo, abrindo com "Fado" que é rock mesmo, melódico e bem britânico, expondo suas influencias. "The Song of Our Lives" tem tom desesperado pontuado por uma melancólica gaita. Já a contagiante beatleniana "Sunshine" floresce com naipe de sopros de primeira, é perfect pop. A excelente "Love e Death (No conclusions)" é um descarado power pop a lá Teenage Fanclub, que é um tremendo descarado dos Raspeberries, Birds, Big Star e The Rubinoos, e finalmente por aqui alguém fez uma composição power pop no seu melhor e moderno termo. "Words for You" é rock and roll setentista inspirado no Free com um toque southern rock (Lynyrd Skynyrd, Black Crowes), apostando numa saudável variação de gêneros - ecletismo - sem destoar um mínimo sequer da linha popster do grupo. Pra fechar o tema instrumental "Um resfriado" com um theremin comandando uma levada meio progressive pop, deixando a sensação de atualidade.
Ainda posso adicionar um detalhe importantíssimo nesse mar de vaidades tão comum ao meio: a banda é super simpática e de uma humildade sem dó. Seria bom que todos fossem como a Snooze. Ai não teria graça, rebateria alguém. Ledo engano meu chapa !!!
Posted by Hello