1 de fev. de 2006

Distorções pop



Verbase

“Sonhos, Delírios e Distorções” (Independente)

O grupo mineiro Verbase existe desde os anos 90, mais conhecido como Bughouse. Nessa época cantavam em inglês pela forte influencia do brit pop. Ao optarem pela língua pátria o alcance naturalmente aumentou, e em 2002 lançaram o primeiro disco pelo selo carioca Tamborete com produção de Renato Rocha e Fábio Brasil (ambos da banda Detonautas). Mas o lider, vocalista e guitarrista Anderson Badaró, o baixista Márcio Chapa e o baterista Fabio Gomes acertam em cheio com esse segundo disco, que foi lançado no ano passado, e como o próprio titulo denuncia impera a distorção, musicas rápidas e melodiosas e nenhuma balada. “São 13 canções que transmitem a energia e as emoções desenvolvidas nesses mais de dez anos de estrada”, declara Anderson Badaró.

O disco é vocal melódico, guitarras distorcidas, baixo e bateria pulsante, sem muita firula e letras sobre paixões, amores e coisas do ramo. A sonoridade vem lá dos anos 90 mesmo, seja com o indie rock americano ou com brit rock mais recente, prevalecendo mais a ala dos ianques influentes como Lemonheads, Dinosaur Jr, Purê e Gigolo Aunts; e Chapterhouse e Oásis pelo lado da ilha. O álbum mantém o mesmo padrão do começo ao fim, sendo difícil até de destacar as melhores, mas alguns hits como “O fim”, “Velhos dias” e “Dias que virão” agradam na hora.

Verbase


Uma surpresa poptiguar


Adriano Azambuja

“Vagalume e o som das coisas que estão sem nome” (Solaris Discos)

O guitarrista potiguar de origem mineira Adriano Azambuja descobriu as possibilidades de fazer musica desprovido de concessões. Ele é vocalista e guitarrista dos veteranos da Amáquina, mas finalmente realizou seu primeiro trabalho que corre léguas de distância do rock setentista feito pela banda. Azambuja já vinha mastigando essa faceta até se bater com os solarianos Alexandre Alves e Henrique Pinto, produtores que deram forma ao novo verbo musical do guitarrista.

Pra começar é um trabalho conceitual desde sua estrutura, onde Azambuja canta e toca violão, guitarra, baixo, teclados e bateria, obtendo o controle máximo das composições, expondo categoricamente o ponto crucial de sua obra: a harmonização. O compositor constrói musicas com peculiaridades de timbres para as guitarras, levadas soltas e até pecando por solos contidos. As duas primeiras “Painel solar” e “Sem gravidade” define todo o disco ao longo das 11 faixas.

A impressão conceitual recai também sobre as letras, que tem aspecto confessional, onde as palavras entregam seu atual estado de espírito e sua nova visão de vida. Ta lá bem claro, nas “A energia da água fria” e “Balada do espelho quebrado”. Ele não tem uma voz primorosa e algumas melodias são intricadas, mas o talento aflora com as mãos, influenciadas e ou espelhadas em artistas como John Frusciante, Wado, Kelley Stoltz, James Iha e Fernando Varnan. É um trabalho interessante que nos diz que o rapaz pode render bem mais. Um achado na atual cena poptiguar. Sim, o disco ainda traz um videoclipe.
Encomenda pela Solaris Discos