11 de ago. de 2007

A grande familia


"King Giraffe" - The Parson Red Heads (Yukon Records)
As toneladas de bandas americanas e compositores que surgem e não cabem todas no mesmo espaço é incrível! Muitas ficam pelos caminhos da obscuridade. Mas o que se deve salientar não é tanto a quantidade, mas pela qualidade sonora. É um absurdo ver bandas popsters como The Parson Red Heads passando ao largo e não discutir o argumento. Em tempos de Internet nem se fala...quanto mais se cavuca, mais acha.
Os americanos nascem com uma guitarra nos peitos, como Evan Way - vocalista, guitarrista e principal compositor -, que surgiu lá dos confins do Oregon carregando sua irmã Erin, a esposa Brette Marie e mais uns amigos para terminar na Califórnia e dar apropriadamente o formato definitivo da banda. Com cara bem familiar hoje a banda tem oito integrantes.
Do Oregon carregam o purismo do folk e sutil referências country tão comum na cultura ianque, emolduradas em ensolaradas melodias e psicodelismo pop e pop rock californiano 60´s- Byrds, Beach Boys são notas marcantes - , elementos tão explorados em sonoridades de bandas boas -pouco conhecidas por aqui - como the Negro Problem, Orange Peels, Broken West...só para situarmos melhor.
Esse primeiro disco cheio dos Parsons é feito de onze belas canções com melodias aprimoradas, destacadas nos adoráveis backing vocals e harmonias perfeitas. Em sua abertura "Sister" é puro deleite psicodélico num atualizado formato pop; "Day of My Mouth" evoca a lenda sessentista The Byrds com levada jangle e esboço de proto-power-pop que lembra um Teenage Fanclub bem pop. Aqui e ali arranjos precisos, aplicados nos momentos certos com pedal steel, percussão e teclados vintage. Fica dificil escolher qual a melhor, "Travelling to Different Planets" é o resquício mais folk-country que puderam expor; apesar das claras influências o grupo não se perde na mesmice melódica e nem se expande em virtuosidades ou mesmo qualquer extremo do psicodélico. "Full Moon" é nervosa com as guitarras beirando o lisérgica em camadas de chapados "wah-wah " distorcidos. Já em "Love" seria o tipo de música que o Beach Boys estaria fazendo hoje em dia sobre efeitos de inofensivas drogas modernas(?!)
A contemplação que a banda mostra na suas canções é tão envolvente que os 45 minutos passam sem perceber...Talvez Einstein explique melhor.
Na primeira audiência dar-se a impressão de aparentar algo retrô na postura do grupo, mas não é o ideal deles pois se mostram totalmente modernos. O resultado e a sensação que o The Parson Red Heads deixa com esse disco, é que o próximo trabalho será uma pérola do pop californiano, mesmo com a imensidão de oportunidades na caótica e anárquica era da Internet, que tende a criar/praticar nichos e mais obscuridades...(jesuino oliveira)

The Parson Red Heads:
myspace.com/redheads
Yukon Records