22 de mar. de 2012

Flávio Cavalcanti na Praia

“Enquanto os garotos jogam bola, eu tento compreender o jogo...”
Outro dia, em conversa com José de Jesus, guitarrista da Musa Junkie, num ataque de saudosismo, perguntei:
- E aí, você conheceu a Flávio Cavalcanti?
- Sim, claro que conheci!
- O que você achava da banda?
- Muito boa! Tinha uma forte referência do rock anos 80. Bom humor e ótimas letras, o que se sente muita falta nas bandas de hoje.
O nome da banda lembrava o lendário apresentador de televisão Flávio Cavalcanti, conhecido por sua postura conservadora, isso nos anos 70 e 80. Não há duvidas que soe emblemático para uma turma de jovens paraibanos quando intitularam o nome da banda.


Agitaram a cena local, nos fins dos anos 90 e começo dos 2000. Era a favorita dos universitários e alternativos da época por seu astral juvenil, irreverências nas apresentações e postura musical diversificada. O ponto forte era pelas letras inteligentes e os riffs poderosos das guitarras. Vi shows memoráveis, impagáveis, com sua despretensiosa veia rock, em que destilava letras bem sacadas e pitadas de bom humor, com um “punch punk” e uma alegria incontestável – uma verdadeira celebração! Interessante também era que seus integrantes tinham personalidades distintas, formada pelos vocalistas Fábio e Josimar, junto com o guitarrista Edy e a “cozinha poderosa” de Toni (bateria) e Marcelo (baixo), mas como banda, criando as composições e tocando ao vivo, era marcante a harmonia entre eles.
Em 1999 gravaram e lançaram, no formato independente, o clássico disco debut “Flávio Cavalcanti na Praia, vol.1”, gravado em Recife. Um álbum completo apresentando a banda no auge de inspiração com ótimos e grudentos hits popster: como “Rede Elétrica”, a faixa título, a funky “Animais em você”, e a sua melhor canção pop feita, a quatro por quatro “Enquanto os garotos jogam bola”. E ainda demonstraram em quatro faixas cantadas em inglês, com poemas de reconhecidos poetas americanos, a sua faceta indie-rock.



Em resumo direto, o disco tem a forma certeira que abrange o rock feito nos anos 80 e 90, com a ambigüidade festeira e séria que caracterizou o grupo. A banda tinha em vista a oportunidade de uma possível carreira nacional. Para uma nova investida, sugerida por um conhecido produtor, mudaram o nome para O Flávio C, fizeram novas gravações, mas aí o carro desandou... Motivos variados deram o destino final: desfeitas, desilusões e desentendimentos internos puseram fim ao promissor combo. Ainda assim, ficou a lenda incontestável dos bons sons registrado na memória do tempo.






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