A música do quarteto australiano Hoolahan faz
uma espécie de retrospecto melódico do pop rock desde os anos 60 até os atuais.
Há um punhado de referências exercidas naturalmente em suas composições. O
começo dessa trajetória se fez desde quando os amigos de infância Tim Kevin
(guitarras e voz) e David Orszaczky (guitarras e voz), ainda em Canberra, aprenderam
juntos os primeiros passos na música.
Anos depois já em Sydney formaram o Hoolahan
com Harry Holden (baixo e voz) e Neil Bateman (bateria). Em 1998 estreiam
lançando o primeiro single. Logo após lançam o primeiro álbum intitulado “King
Autumn” de boa receptividade. Fizeram turnê pelo país e tocaram no famoso
festival australiano Big Day Out, além de dividirem palcos com You Am I, Robert
Forster e The Vines.
Em 2007, por motivos particulares de cada um,
se separam deixando no ar a expectativa de um segundo disco promissor. Após um
hiato de dez anos os amigos Tim e David se encontram para compor algumas
músicas e daí retornarem a banda com a mesma formação. O resultado é “Casuarina”
segundo álbum lançado em outubro de 2017, recheado de doze boas melodias,
vocais harmoniosos e guitarras pop bem peculiar no rock australiano que
costumamos ouvir em combos como The Easybeats, Go-Betweens e The Triffids, por
exemplo.
Conversamos com o vocalista e guitarrista
David Orszaczky em breve entrevista exclusiva e inédita para um blog
brasileiro, na qual nos fala sobre a banda.
Por que
demorou tanto para a banda retornar e lançar o álbum "Casuarina"?
David - Em algum momento
depois do nosso primeiro álbum, “King Autumn”, que foi lançado em 1999, todos
nós seguimos em coisas diferentes - tínhamos filhos, nos envolvemos em outros
projetos musicais e de trabalho, etc. Ficamos ótimos amigos e sempre
conversamos sobre fazer outro álbum - incluindo um par de músicas que nós gravamos
e nunca lançamos (A Wrecker's Light e City Rain que acabaram no album “Casuarina”).
Alguns anos atrás, Tim e eu nos reunimos uma
noite em seu estúdio aqui em Sydney, apenas para tomar uma garrafa de vinho e
tocar violão por algumas horas. O que é algo que não fazíamos há quase uma
década. Era como voltar a um mundo familiar, e daí nasceram as iniciais de meia
dúzia de idéias de canções. Depois de mais algumas sessões, ligamos para Harry
e Neil e dentro de alguns meses tivemos a estrutura de um novo álbum pronto
para gravar.
Obviamente que ligamos para o nosso bom amigo
Wayne Connolly para gravar e produzir esse disco. Dentro de dezoito meses tudo
se encaixou, o que não é ruim, considerando que foram quase vinte anos entre os
dois álbuns!
Para
pessoas que ainda não conhecem, como você definiria os sons de Hoolahan?
David - Nós amamos o pop
de guitarra clássico - estamos falando de tocar guitarra, doces harmonias
vocais dos anos 60 e 70, com uma saudável dose de indie pop “Antipodean”
(expressão relacionado a tudo que vem da Austrália e Nova Zelândia) dos anos 80
e desta vez nós usamos alguns tons diferentes com piano e sintetizadores
carregados de reverb.
Bom, se Buffalo Springfield e os Hollies
tivessem um encontro duplo com os Go Betweens e o Chills e terminassem no
apartamento de Lloyd Cole com Nick Drake e Stereolab juntos no toca-discos,
então você estaria chegando perto do som do Hoolahan.
Quais
planos de banda para o ano de 2018
David - Acabamos de
terminar uma série de shows ao longo da costa leste da Austrália para lançar o
novo álbum - muito divertido e as novas músicas tiveram uma grande reação nos
shows. Depois de um breve intervalo, temos alguns shows menores em Sidney nos
próximos meses, com planos de ir até Melbourne em breve. Nós sonhamos em ser
levados em turnê pela Espanha e América do Sul, mas isso pode ter que esperar
um pouco mais ...
Uma
curiosidade: a música pop australiana é destaque mundial produzindo bons
artistas e bandas. Existe algo especial para isso?
David - O falecido David
McComb (1962-1999) do The Triffids, banda de Perth, costumava dizer que a
distância era o que tornava os Triffids tão bons. Será que essa sensação geral
de isolamento seja o que torna as bandas australianas tão únicas? Mesmo no
mundo atual conectado globalmente, há uma sensação de que as bandas
australianas estão um pouco separadas do resto. E para o punhado de bandas
australianas, isso pode ser muito influente. Quantas bandas nos últimos cinco
anos acabaram querendo soar como Tame Impala? Aqui é uma cena pequena e insular,
mas nós achamos que podemos fazer o máximo que podemos!
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