8 de nov. de 2017

RICHARD TURGEON

O compositor, cantor e multi-instrumentista americano Richard Turgeon é um artista bastante versátil: compõem, toca vários instrumentos, grava, edita, é fotografo e ainda produz as artes das capas dos seus discos. Além disso, é escritor e roteirista de vídeo. Com todos esses atributos é só correr pra torcida. Residente em São Francisco, Califórnia, onde trabalha e mora com a mulher e dois filhos, o roqueiro suburbano, como gosta de dizer, tem o raro talento de fazer canções melodiosas diversas, sempre variando nas levadas rítmicas e letras sempre sacadas com bom humor.

Simpatia em pessoa, Richard embora faça um som alternativo, gosta das bases e solos de guitarras bandas de metal anos 80, o que certa forma reflete na técnica como toca as guitarras em algumas músicas. Mas não se trata de nenhuma mistura de estilos; suas composições estão alinhadas entre o alt-rock e o powerpop. 

Como escritor escreveu o romance “Please Advice”, cujo personagem central é um músico roqueiro que trabalha numa empresa de marketing, o que soa ser autobiográfico e o livro “Indie Rock 101”, um guia para músicos que procuram fundamentos essenciais para execução de uma banda e produção de áudio.

O artista gentilmente cedeu uma breve, e exclusiva, entrevista pela primeira vez a um blog latino-americano, na qual nos revela algumas particularidades. Seu primeiro disco “In Between The Spaces”, lançamento independente em 2017, está entre os melhores do ano em várias listas de sites especializados.

A capa do seu disco ficou muito bonita. Impressiona a primeira vista. Você surfa também?

Eu não surf, mas esse é meu local favorito. É onde tirei a foto para a capa do disco. É de uma praia chamada Bolinas, que fica afastado de San Francisco. Um lugar lindo que me faz até querer surfar, embora sou um mergulhador amador e amo o oceano!

Quem são suas maiores influências sobre a música? Quais são suas bandas favoritas?
As bandas que provavelmente tiveram maior influência na minha música incluem The Police, Green Day, Nirvana, R.E.M., Weezer, Nirvana e Foo Fighters. Eu também sou um grande fã de hard rock como AC / DC, Motley Crue, Def Leppard, Iron Maiden e Guns 'n' Roses. Eu geralmente gosto de melodia, musica sólida, bateria real e música com guitarra. Meus produtores favoritos são Mutt Lange (que escrevi recentemente no meu site), Bob Rock e Rick Rubin - os que trazem o melhor das bandas com as quais trabalham, trazendo valores de produção de padrão ouro para as gravações.

Sua música me lembra o rock americano mais genuíno. Bem diversificada entre os artistas clássicos e modernos. Desde Beach Boys até Matthew Sweet. Como é seu processo de composição musical?

Muito obrigado, eu aprecio isso. Em termos de como escrevo: tende a surgir um riff primeiro, depois uma melodia vocal. Então eu crio a música um pouco mais até sentir que está ideal, e escrevo letras sempre que posso - muitas vezes no meu telefone quando estou em movimento. Quando eu acho que está bem arrumada, vou gravar uma voz guia e guitarra, e faço a bateria e guitarras base e o baixo em cima disso. O vocal de gravação geralmente vem depois que as faixas básicas são feitas. Geralmente, demora um mês ou dois para escrever e gravar qualquer música nova "entre os espaços" (isto é, trabalho, filhos, vida). Gravo e mixo minha própria música a maior parte, depois fico propenso a pensar sobre as partes e como elas devem funcionar juntas ao longo do processo.
Eu me sinto muito sortudo, mas também trabalhei pesado desde o início da adolescência para chegar a um ponto em que me sinto bastante satisfeito com meus esforços, entre composição de músicas, tocando em todos os instrumentos, gravando, mixando e dominando a maior parte do meu material. A música me traz grande alegria e, francamente, estou feliz por não ter que lidar com a execução de uma banda ou dependendo de outra pessoa para tocar um determinado instrumento. Eu simplesmente gosto de escrever, gravar e mixar como um processo mais criativo do que tocar as mesmas músicas ao longo deste momento da vida

Gostei muito do videoclipe da música “I Dont Need You”. Muito engraçado e icônico. Ele deve ser muito significante para você, certo?

Muito obrigado. Estou realmente orgulhoso desse “malvado” vídeo. Quando eu escrevi o script e o tratamento de produção, queria que fosse ao estilo dos vídeos dos anos 80 que cresci assistindo - conta um pouco de história, parece muito bonito e tem uma sensação espontânea de diversão. Eu sinto que não há muito disso nos dias de hoje, exceto talvez os Foo Fighters, que sempre fizeram vídeos realmente engraçados e inteligentes, onde eles nem sempre estão se levando tão a sério.
Eu também tenho que dar crédito aos meus amigos, que se ofereceram para me ajudar. O elenco e, especialmente, o diretor e editor April Abeyta trouxeram seu talento, entusiasmo e A-game para torná-lo um tiro muito divertido e transformá-lo em algo com o qual poderíamos orgulhar-se (encorajo seus leitores a assisti-lo e compartilhá-lo). Honestamente, não poderia ter acabado mais em linha com o que eu tinha em mente desde o início, o que nem sempre acontece em um meio colaborativo como o cinema. É um trabalho árduo tirar algo assim.
Dito isto, sinceramente, eu gostaria de poder fazê-lo mais freqüentemente porque sou graduado da escola de cinema e louco por filmes, então eu gosto do processo. Eu sei que muito mais pessoas estão mais dispostas a assistir a um vídeo do que ouvir uma nova música por um estranho, então espero fazer ainda mais no futuro.

"I Don´t Need You" - Richard Turgeon


Richard Turgeon -“In Between the Spaces” (Independente-2017)
É o disco cheio de estréia do multiartista americano Richard Turgeon, residente num subúrbio de San Francisco, Califórnia. Sendo desse famoso estado americano, podemos presumir uma sonoridade colorida, luminosa, como nos remete historicamente algumas bandas e artistas de lá. Pode cravar na aposta!

Em particular, sempre me chama a atenção para um álbum de um novo artista, ou banda, a arte de capa antes de escutar seu conteúdo. Essa arte sempre me revela sensorialmente o som que vou escutar, mas isso não é todos/todas que tem essa capacidade de transmitir simbolicamente para o aspecto visual. No caso de desse play, Turgeon foi feliz. Mas há um componente (motivo) forte: “Projetei a capa e tirei a foto também!”, confessou ele.

Lançado em abril desse ano, o álbum apresenta dez faixas compostas, produzidas, gravadas e mixadas por ele em seu home-estúdio, o que possibilitou o controle e condições mais favoráveis na feitura de suas composições – teve ajuda em algumas músicas de um amigo baixista e outro guitarrista.

“Bigfoot´s Na Alien” abre o play invocando os anos 90 com guitarras pesadas e melodia que lembra o Velvet Crush. A seguinte “Bad Seed” as guitarras ainda são altas com vocais anos 60 – Beach Boys misturando-se com o Cheap Trick. A grudenta “I Dont Need You”, a faixa favorita da casa, é powerpop anos 70 com uma letra irônica e um clipe superb. “Fight” começa com uma levada reggae-de-branco, mas descamba para um hard rock 70, parecendo um Reo Speedwagon envenenado.

Ainda se destacam as faixas “Watch Me Now”, “Song For Today” e “Frostbites”, menos distorcidas e mais melodiosas na linha Big Star – Teenage Fanclub. Fecha o álbum com a ótima balada “Gravity”.
Embora suas composições nos remetam ao melhor do alt-powerpop anos 90, Richard Turgeon não se prende ao clichê de rock star obscuro e iludido; o rapaz faz música porque gosta e se diverte bastante com isso. Esse é o grande trunfo do disco!



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