13 de abr. de 2012

The Sorry Shop

Pra mim, musicalmente falando, os anos 90 é uma época emblemática. Permaneço saudoso na vaga do histórico, mas tenho que admitir que o legado existe-insiste. É da Rio Grande, cidade do sul gaúcho, que vem uma ótima escrita sonora chamada The Sorry Shop, revisitando o indie rock anos 90 em seu formato shoegaze e dream pop. Quando escutei o som do TSS a minha memória atentou para alguns obscuros brasucas Speed Whale e Primitive Painters; e outros gringos como Drops Nineteens e Slowdive. Isso só pra lembrar de combos expressivos do sub-gênero alternativo. 

O compositor e multi-instrumentista Régis Garcia é o mentor dessa agradável peça feita por guitarras de natureza barulhentas, forte senso melódico e uma atmosfera contemplativa que determinam o seu modus. No final de março saiu o primeiro disco cheio, contendo 15 faixas, intitulado "Bloody, Fuzzy, Cozy", o qual Régis produziu sozinho. Com ele troquei algumas palavras:


Quando você começou o TSS? Antes, tocava em alguma banda?

A The Sorry Shop, efetivamente, ganhou vida lá no meio de 2011, mais ou menos em junho. Eu tinha alguns arranjos na cabeça e queria dar vida pra eles. Então, como uma maneira de botar pra fora todas ideias, resolvi fazer uma brincadeira, gravar umas coisas em casa, simplesmente tocar. No início pensei em engavetar tudo que ia ficando pronto, mas como achei o resultado legal, resolvi convidar o Marcos Alaniz pra gravar uns vocais e, então, comecei a mostrar pro pessoal. Eu toco faz uns bons anos. Já toquei em tudo que é tipo de banda, do pop aos estilos mais peculiares de rock, mas nunca estive tão satisfeito e seguro com um projeto como estou com a The Sorry Shop.

A sonoridade é bem típica anos 90 - shoegazer, brit-rock - com um certo ar retrô. São suas maiores influências?

Não sei se eu diria que são as maiores influências em todos aspectos, mas certamente estão entre as maiores. Explico: eu tenho uma influência gigantesca de sons dos anos 80, por exemplo, principalmente da parcela mais obscura. Mas escutei de tudo daquela época (tenho 29 anos e minha infância foi ao som de rádios populares), de U2 ao hard mela-cueca do Whitesnake. Entretanto, não é errado dizer que a minha preferência está nos anos 90. Nesse sentido, sim, são minhas maiores influências.

Como é fazer esse tipo de som numa cena musical tão diversa?

Tão diversa e tão restrita! Ao mesmo tempo que, principalmente no mundo virtual, tem espaço pra muita coisa, na prática não tem espaço pra quase nada. No fim das contas é complicado por tudo: a parcela restrita de público ainda se divide entre toda fauna da diversidade de vários segmentos. É uma cena bem fragmentada. O que me deixa muito feliz nessa questão que parece adversa é que quem acaba curtindo e dedicando tempo pra escutar a banda é por ter gostado de verdade. É um silogismo básico: se eu tenho muita coisa pra escutar e eu escolho uma delas pra usar meu tempo escutando, então eu realmente achei essa banda interessante. Claro, não ignoro que o tempo utilizado para conhecer muita coisa pode se dar por conta do auxílio da mídia, seja ela alternativa, ou não, mas sei que com a exigência do ouvido do pessoal que anda garimpando por aí, a mídia não é exatamente um fator decisivo no gosto musical das pessoas.




 

Com tem sido a receptividade desse disco cheio?

Até agora, poucos dias depois do lançamento, tem sido ótima. E espero que continue assim. O que mais me motiva a continuar trabalhando nesse projeto é exatamente isso: uma ótima receptividade, não só aqui no Brasil, mas em alguns países da Europa, na America Latina, America do Norte (em pequena quantidade) e até no Japão, que tem se mostrado um ouvinte ávido do alternativo brasileiro.

Alguma referência de bandas e sons nacionais?

O Brasil tá cheio de sons ótimos, mas eu flerto muito mais com o pessoal do Rio Grande do Sul por afinidade geográfica. Sempre gostei da sonoridade da Loomer, comprei a ideia do Medialunas, sou fã do Single Parents e achei o disco novo dos caras sensacional e vejo um potencial imenso em projetos como Diego Lopes e Bebop (na linha Ben Folds) e na Wannabe Jalva, ambos no patamar dos projetos gringos atuais nos seus respectivos nichos. Apesar do som não ter exatamente afinidade com o som da The Sorry Shop, essas bandas são referências pra mim por diversos outros aspectos, assim como a Apanhador Só, por exemplo. Já fora do RS eu tenho escutado bastante a Starfire Connective Sound, que lançou um EP muito legal por agora e não sai do meu playlist.

The Sorry Shop é Rafael Rechia e Luiz Espinelly, nas guitarras, Eduardo Custodio, na bateria, Régis Garcia no Baixo, e a Mônica Reguffe e o Marcos Alaniz na voz.

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 The Sorry Shop "Sometimes I´m Down"




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